Aos 31 anos, Paula Fernandes comemora boa fase e afirma que as vibrações estão refletidas nas canções inéditas do disco novo disco Amanhecer (Universal Music, R$ 21,90). Ela se diz cada dia mais apaixonada e garante que o trabalho é resultado da melhor fase da vida. “Hoje, estou muito mais segura. A cabeça está melhor e mais leve. A gente aprende coisas que achava que nunca daria conta”, confessa, após enfrentar um período de depressão.
Com 23 anos de carreira, a compositora mineira revelada nos rodeios ostenta o status de ser a cantora com mais discos vendidos no país em 2014, segundo a Associação Brasileira de Produtores de Discos (ABPD) - com a coletânea Encontros pelos caminhos. Agora, Paula divulga Amanhecer, o oitavo álbum composto apenas por canções autorais. No projeto, a artista se apropria de uma linguagem mais universal, pop, embora mantenha a essência sertaneja. “Acho que é um disco maduro, que agrega a experiência adquirida ao longo dos anos em turnês pelo Brasil. A gente acaba aprendendo o que o público gosta de ouvir”, explica a cantora, que se diz orgulhosa em cativar fãs “do zero aos cem anos” e acumula mais de 14 milhões de curtidas na página do Facebook - um dos números mais expressivos do país.
Paula Fernandes selecionou 12 faixas dentro de um universo de mais de 30 canções. As letras falam de sonhos, saudade e amor. Menino bonito é dedicada Henrique, namorado desde 2012. A aproximação com o pop e sons mais dançantes estão em Depende da gente e Piração. As baladas românticas são A paz desse amor e Amanhecer (faixa-título). A produção é de Márcio Monteiro, que acompanha a artista há 10 anos. Após sucessivos trabalhos ao vivo, Paula se isolou no estúdio e se entregou ao projeto. A maioria das canções nasceu no decorrer do processo de gravação. “Gosto do ambiente, fico à vontade. Depois do palco, é o lugar onde o artista mais se realiza”, explica a cantora, que vai descalça, de coque e sem maquiagem.
As mudanças também são percebidas em outras esferas. O visual, sempre alvo de comentários, deixa de lado os vestidos mais pomposos com a cintura marcada, para apostar em looks despojados, com jeans, camiseta e bota, aflorando o lado mais sensual. Na nova fase, a cantora se esforça, sobretudo, para desconstruir a fama de chata que ganhou nos bastidores, que muitas vezes foi confundida por conta da timidez. “Não tinha profissionais adequados para me representar. O que acabou distorcendo um pouco minha imagem. Meu sorriso não estava completamente limpo”, justifica. A superação da depressão é considerada divisor de águas e o maior estímulo para o amadurecimento profissional da artista. Por isso, diversos relatos sobre esse período delicado vão estar em uma biografia que vem sendo escrita com a ajuda da mãe, Dulce de Souza, ainda sem data de lançamento.
A repórter viajou a convite da Universal Music
Entrevista >> Paula Fernandes
DepressãoNão tenho vergonha de falar da depressão, porque acredito que tenha sido o melhor momento da minha vida, embora tenha sido também o pior. Eu comecei a construir a Paula Fernandes que sou no momento em que descobri que estava doente. A música tem um poder de cura incrível e sempre me fez muito bem, como se me levasse para outra atmosfera. Muita gente se aproxima de mim falando o que já viveu e contando que se identifica com uma melodia ou letra minha. O apoio da família é um bom tratamento. A fé também é essencial. E encarar a doença como oportunidade. Aquilo foi um divisor de águas para eu me tornar a mulher forte que eu sou.
Disco Amanhecer tem uma unidade, mas nenhuma música é igual a outra. A maior diferença dos outros discos é esse frescor e essa leveza que ele traz. A minha melhor fase como pessoa, a mais feliz, realizada e madura. O momento em que conquistei o reconhecimento de um público que ama minha música. É gratificante.
As mulheres no sertanejoHistoricamente, as mulheres têm mais dificuldades para tudo. Mas acredito que isso esteja mudando. Sei que tenho encorajado muitas meninas, que passaram a ter seu lugarzinho ao Sol. As mulheres bonitas, capazes e inteligentes sofrem muito mais preconceito. Sempre é porque é bonita, alguém ajudou… Mas chega de preconceito, gente. É bom deixar claro que não viemos roubar espaço dos homens, e, sim, somar. Acho que isso fortalece o movimento.
Sertanejo x PopEssa mudança foi natural. Fico feliz como compositora de saber que não tenho limites. Minha raiz é o sertanejo, mas poderia ter nascido na bossa nova ou no samba. Na hora de compor, não é razão. Não gosto de me rotular, isso limita. Fico feliz que todos se identifiquem com minha música. Principalmente as mulheres, consideradas um dos públicos mais exigentes.
SensualidadeAntes, eu era a menina com jeito de mulher. Hoje, sou mulher com jeito de menina. É bacana poder explorar isso em um momento em que estou melhor comigo mesma. Também é minha verdade. De uma forma sutil, pois não gosto daquela coisa agressiva de mulher fatal. Prefiro ser mais feminina sem ser vulgar. Apesar de que a vulgaridade não está na roupa, e, sim, na atitude. Já estava com vontade de retratar esse meu novo momento. Não deixo de ter a postura séria, mas apareço mais sensual e muito segura do que estou fazendo.
Retirado de: http://www.sededeamorpaulafernandes.blogspot.com.br/2015/10/paula-fernandes-depressao-foi-o-melhor.html
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